O senador Sérgio Moro (PR) e a mulher dele, Rosângela, deputada federal por São Paulo, cometem um erro político crasso e grave contra a segurança da própria família de ambos (e à vida de ambos) ao distorcerem o papel correto e republicano que a Polícia Federal e o Ministério da Justiça adotaram desde janeiro. No início do ano investigações e monitoramentos do Grupo de Apoio e Enfrentamento ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo começaram a identificar e rastrear tramas criminosas urdidas pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) a partir das quais se depreende que Moro e Rosângela corriam risco de sequestro e morte. A ação criminosa dos bandidos seria uma vingança contra a atuação de Sérgio Moro como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, quando atuou para transferir o líder do PCC, Marcos Camacho, o Marcola, para presídios de segurança máxima.
Ex-juiz considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal em sua atuação na “Operação Lava Jato” e nas condenações proferidas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (sobretudo na condenação, agora extinta, pelo “caso triplex do Guarujá”, que teve o condão de deixar Lula inelegível irregularmente em 2018 e contribuir para a vitória de Jair Bolsonaro naquele pleito), Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça em 24 de abril de 2020 denunciando interferência indevida de Bolsonaro em assuntos de sua pasta – sobretudo na insistência em trocar o diretor-geral da Polícia Federal e alguns delegados regionais em cidades como Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. Tentando forjar uma imagem de cruzado contra o crime organizado e fazendo a fantasia extrapolar o cercadinho da Lava Jato de Curitiba, Moro esbarrou no cerco de proteção a milícias e a outras correntes criminosas – inclusive o PCC – instalados nas franjas do Estado policial constituído sob o comando do ex-presidente Bolsonaro.
Sem ter conseguido se tornar um candidato presidencial viável para disputar contra Lula, pois foi trucidado politicamente por Bolsonaro (com requintes de crueldade; imerecida?), Sérgio Moro resignou-se à candidatura pelo Senado pelo Paraná. Para tanto, traiu o ex-senador Álvaro Dias, que o havia atraído para o ringue político, e bateu o próprio criador nas urnas paranaenses. Rosângela Moro, dando curso ao projeto político que o casal sempre pareceu ter, mesmo quando a ribalta era o Poder Judiciário indevidamente usado como palco para espetáculos políticos de cunho eleitoreiro, elegeu-se deputado federal. Em janeiro, quando o Gaeco paulista alertou a Polícia Federal, já sob o comando do ministro Flávio Dino (Justiça) e do presidente recém-empossado Lula, Moro e Rosângela passaram a receber proteção total e dedicada de agentes federais e da inteligência do Governo Federal. Isso porque ambos eram, naquele momento, parlamentares federais eleitos e diplomados – isso os iguala a parlamentares federais no exercício do mandato e a estrutura de segurança federal pode e deve ser usada para protegê-los em casos de graves e reais ameaças (como acontecia). As ações eram combinadas com a polícia estadual paulista. Tudo ocorreu de forma republicana e como reza a lei.
Paradoxalmente, portanto, foi sob o comando e a liderança republicana de Lula e de Dino que a Polícia Federal investigou e desbaratou um núcleo potencialmente assassino da facção criminosa PCC que tinha por missão sequestrar e talvez matar o senador e ex-juiz. Irresponsavelmente, indevidamente, tresloucadamente, Sérgio Moro e Rosângela tentam usar canais e redes de comunicação de extrema-direita para politizar os atentados que eram urdidos contra eles próprios e contra suas famílias. Encontram eco na atuação parlamentar esquálida de Deltan Dallagnol, deputado federal pelo Paraná, que de forma abjeta utiliza-se dos dutos de esgoto das redes sociais para disseminar a distorção de que haveria interesse “governista” na ação criminosa que o PCC tramava e que foi desbaratada e desmontada pelo próprio Governo. Portando-se desta forma repulsiva e baixa, Moro, Rosângela e Dallagnol não ajudam a quem se desdobra para protegê-los. Ao contrário, contribuem para a criação de uma cortina de fumaça que auxilia o crime organizado.
Por Luís Costa Pinto, da sucursal do 247 em Brasília