Um ex-assessor do presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel da reserva do Exército Luiz Eduardo da Costa Vaz, o Cid, revelou em delação premiada que Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto golpista no fim do ano passado.
De acordo com Cid, o decreto sugeria a convocação de novas eleições e autorizava o governo a determinar a prisão de adversários. O documento foi levado a Bolsonaro por Filipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, e um advogado constitucionalista. Um padre também teria participado da reunião, mas Cid não se lembra dos nomes desses dois personagens.
Bolsonaro recebeu em mãos o documento, mas não externou sua opinião sobre o plano golpista. A Polícia Federal investiga se é a mesma minuta golpista encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
O documento apreendido na residência de Anderson Torres em janeiro também autorizava a prisão de adversários, como o decreto golpista entregue por Filipe Martins a Bolsonaro. A minuta golpista de Anderson Torres determinava a decretação de um “estado de defesa” na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o objetivo de apurar supostas irregularidades nas eleições, o que poderia resultar na convocação de um novo pleito.
Cid contou aos investigadores que, posteriormente, Bolsonaro teve reuniões com militares de alta patente e mostrou a eles parte do documento para verificar a receptividade à ideia do plano golpista. O único apoiador, de acordo com o relato do delator, foi o comandante da Marinha, almirante Garnier.
O almirante já havia dado demonstração pública contra a posse de Lula, quando se negou a participar de cerimônia de transmissão do cargo ao comandante da Marinha escolhido por Lula, Marcos Sampaio Olsen, em uma quebra de protocolo.
A delação de Cid sugere que Bolsonaro estava disposto a tomar medidas golpistas para se manter no poder. O fato de ele ter recebido um decreto golpista e mostrado-o a militares de alta patente é um sinal preocupante de que ele considerava a possibilidade de um golpe.
Fonte: Aguirre Talento