Por Arilson Chiorato, deputado estadual e presidente do PT-PR
O que é preciso fazer para ter uma educação de qualidade? Na busca por essa resposta encontrei vários artigos e reportagens sobre o assunto, em especial, sobre o modelo finlandês, considerado um dos melhores do mundo. O modelo desenvolvido pela Finlândia prioriza autonomia, criatividade, pensamento crítico, estimula a iniciativa, além de promover o acesso de forma igualitária à educação, valorização dos professores e apoio para estudantes com necessidades diferenciadas de aprendizagem.
Em nenhum momento encontrei algo que direcionasse para um modelo de ensino cívico-militar, em especial o que é implantado aqui no Paraná. O modelo daqui não é o mesmo das escolas sob administração das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), que tem orçamento maior, professores com dedicação exclusiva e melhor infraestrutura. Nas escolas cívico-militares do Paraná o que se tem basicamente é a presença de profissionais militares da reserva na administração e na rotina escolar, com o objetivo quase exclusivo de manter a disciplina.
Esses profissionais não têm experiência pedagógica nem didática para contribuir, de alguma forma, com a qualidade do ensino. Aos poucos, os alunos e os pais têm percebido que esse frenesi é uma farsa. O resultado da última consulta pública, realizada nesta semana, em 126 escolas estaduais mostrou isso. Apesar de todo sistema montado para obter o maior número de adesão, em 44 escolas, o resultado foi pela permanência do modelo tradicional, contrariando a expectativa do Governo do Paraná.
Essas 44 escolas, assim como boa parte dos paranaenses, já perceberam que a educação para melhorar de verdade, sem maquiagem de números para ficar bem no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), é preciso investimento pesado em várias frentes, como formação de docentes e infraestrutura, ou seja, vai muito além da defesa da disciplina, do patriotismo, do civismo e do respeito à hierarquia e à ordem.
É preciso, assim como o modelo finlandês, prezar o acesso igualitário à educação, refeições nutritivas aos estudantes, ambiente adequado para aprendizagem (sem goteira em dias de chuvas ou calor excessivo no verão), redução da evasão escolar, apoio extra aos estudantes com dificuldades de aprendizagem ou com condições especiais de aprendizagem e investimento na formação dos professores atrelada à remuneração.
Não sou especialista em educação, aliás, muito longe disso, mas em poucas horas de leitura foi possível, concluir, mais uma vez, que a militarização das escolas não é o caminho para uma educação de qualidade, investimento, sim.